sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Tecnologia: mocinha ou vilã?


IURI FURUKITA
RODRIGO FERNANDO

Enquanto você lê esse blog, pode ouvir música, usar o MSN, twittar, procurar amigos no facebook, enfim. A internet possibilita essa multiplicidade de tarefas (a não ser que você use um Ipad), mas executar várias tarefas ao mesmo tempo não faz as pessoas terem mais tempo livre. Pelo contrário, plantar na Farmville, assistir partoba pelo Youtube, praticar esporte no Wii, etc. deixa a todos sem tempo para o contato físico. Jesús Barbero condena a internet por fazer as pessoas terem medo da realidade, de viver fora do mundo real. E o que é pior, como lembra Levy, e tudo está sob o domínio de poucos. Por outro lado a internet propicia a troca de informações e conhecimentos rapidamente entre pessoas do mundo inteiro, amplia o espaço e o espectro social, cultural, racial para comunicação. E então: a internet é boa ou ruim? A resposta parece obvia, né? Mas como pode ser bom e ruim ao mesmo tempo?
Pierre Levy afirma “uma técnica não é nem boa, nem má, tampouco neutra”, a forma como será encarada depende do modo como será usada por cada pessoa. McLuhan diz que as invenções humanas são extensões do corpo humano, assim, como qualquer um pode usar suas mãos para matar ou salvar, pode usar o fogo para queimar ou cozinhar. A técnica não é algo separado da cultura, da sociedade, do contexto em que é utilizada e ela também pressupõe alicerces técnicos. Você não poderia ler esse blog se não existisse internet, que não existiria sem computador, processadores, energia elétrica, mas também metalurgia, escrita, ou seja, é infinito. E isso mostra que não somente a Wikipédia, mas também esse simples blog é fruto da inteligência coletiva. E como diz Brecht, em a Vida de Galileu, a ciência pode servir pelo amor ao saber ou para o avanço da humanidade.

Desafio para o profissional de comunicação:

São lançados dois desafios para os jornalistas, o primeiro é lidar com a concorrência de outros meios de comunicação e ocupação que surgem na cibercultura, o segundo é adaptar-se ao mundo virtual, para entender suas características e aprender a melhor forma de utilizá-las de maneira positiva à humanidade.

Sugestões de leitura:

O venerado dramaturgo alemão Bertolt Brecht, em talvez seu mais famoso teatro, “A Vida de Galileu”, narra a trajetória enfrentada pelo cientista no nascer da ciência e da técnica moderna. Você achará em: Brecht, Bertolt. Teatro completo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991.
Marshall McLuhan trabalha o conceito de técnicas e sua valoração como também papel na comunicação global com uma visão radical, mas bem fundamentada em: As máquinas como extensões do corpo humano.
Um dos mais influentes pensadores da comunicação da atualidade, nascido na Espanha, mas radicado na Colômbia Jesús Barbero debruça sobre o ciberespaço no livro: Cidade virtual: novos cenários da comunicação.

Curiosidades:

Segundo o tablóide inglês The Times, um jovem de 17 anos em Ohio teve seu jogo Halo 3 confiscado pelos pais. O jovem, Daniel Petric roubou a chave do cofre e pegou o jogo e a arma que o pai escondia, entrou no quarto dos pais e disse para que eles fechassem os olhos, pois tinha uma surpresa. Daniel quase matou o pai com um tiro na cabeça e matou a mãe também com um tiro. Na Alemanha, Armin Meiwes colocou um anúncio na internet assim: “venha até a mim e eu comerei sua carne”. Um cara mais louco ainda, chamado Bernd Jürgen atendeu ao chamado, foi na casa do Meiwes, onde foi assassinado com consentimento e sua carne congelada para que Meiwes comesse aos poucos. Mas a culpa é da tecnologia? É evidente que se não houvesse o videogame ou internet, essas histórias não aconteceriam, mas a tecnologia não é a causa, é apenas um condicionante. 


REFERÊNCIAS:
BRECHT, Bertolt. Teatro completo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991.
MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. São Paulo: Cultrix,, 2006.
LÉVY, Pierre.  Cibercultura. São Paulo, Editora 34, 1999. 



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